2020, a.k.a. o fim do mundo
Entrevista com Marcos DeBrito, promoções e capítulo 4 de Tortura Branca
Bem-vindo à minha Newsletter número 4!
A edição desta quinta-feira é pra você que tem a impressão de que tem alguém jogando Jumanji com o mundo e esse jogador está tomando uma lavada do tabuleiro, porque sério, WTF? TERMINA ESSE JOGO!

O fim do mundo?
Logo de cara, no comecinho do ano, 2020 trouxe a ameaça de uma guerra entre EUA e Irã (chamaram até de Terceira Guerra Mundial). Aí veio a pandemia do novo coronavírus, que continua vitimando milhões de pessoas ao redor do mundo e expôs governos que são verdadeiros defensores da desgraça – mais ou menos como o caçador com arminha na mão de onde? De onde??? Do Jumanji.

Aí a gente viu os incêndios na Austrália, que mataram meio bilhão de animais, os terremotos que duraram o mês de janeiro inteiro em Porto Rico e mudaram o relevo da ilha, as vespas gigantes migrando da Ásia ao continente americano, a nuvem de gafanhotos que fez estados do sul do Brasil declararem emergência, o chamado ciclone-bomba que se formou na mesma região e os níveis históricos de degelo na Antártida, que tornarão enchentes catastróficas algo corriqueiro ao redor do mundo.
(O ser humano precisa de mais alguma pista sobre o recado que a natureza quer passar?)

Ah, e se não bastasse o apocalipse no planeta Terra, ainda rolaram uns sustinhos vindos do céu, como o asteroide que passou pertinho da atmosfera e o anúncio, confirmado pelo Pentágono (o Departamento de Defesa dos EUA), de que objetos voadores não identificados já deram uma passeada pelo nosso céu. SIM, OVNIS.

Falar em fim do mundo é moda desde antes de 2012, ano em que o calendário Maia previa o encerramento das nossas atividades. Já vimos filmes como O Dia Depois de Amanhã, Fim dos Tempos, 2012 e uma penca de variações (um dos meus preferidos é a comédia É O Fim).
Mas o autor brasileiro de terror Marcos DeBrito teve uma ideia nova para representar esse momento especial em que a gente sai de cena. Em vez de explorar as respostas destruidoras da natureza ou a invasão aniquiladora de extraterrestres, ele criou uma história que imagina a nossa decadência por aquilo que nos é tão antigo quanto nossa própria identidade: a crença religiosa.

O apocalipse bíblico visto a partir da ótica de um ator que sempre interpretou Jesus é a proposta de Apocalipse Segundo Fausto, novo livro do Marcos que entrou em pré-venda nesta semana pela Editora Coerência (para comprar, é só clicar aqui). Esse ator, tão semelhante à imagem de Cristo e por isso venerado por multidões, começa a ser perseguido a partir do momento em que pequenos chifres nascem em sua testa e ele é visto como uma ameaça ao ser humano.
“O livro propõe uma situação de fim do mundo a partir de uma histeria coletiva, e a gente está vivendo uma histeria coletiva. A gente tem uma pandemia acontecendo, e em vez de as pessoas aceitarem que é uma pandemia, ficarem em casa, respeitarem e esperarem passar, não: elas fazem disso um circo. E o livro é exatamente assim”.
O que é uma coincidência, já que DeBrito começou a pensar na história em 2010, e só foi retomar o processo e terminar em 2018. Na conversa que teve comigo, o premiado cineasta que virou romancista me contou como foi a travessia dos filmes para os livros, explicou o gosto por construir histórias de terror com bases católicas, relatou como é sobreviver de arte num Brasil que abandonou a cultura e falou sobre seu novo longa-metragem, As Almas Que Dançam No Escuro.

Victor Bonini: Você já deve ter ouvido mil vezes que 2020 parece o fim do mundo. Como autor de Apocalipse Segundo Fausto, que se passa justamente no fim do mundo, você vê semelhanças entre a sua literatura e a realidade?
Marcos DeBrito: Quando eu terminei o livro, há dois anos, o momento de mundo não era semelhante ao de hoje, mas é engraçada a coincidência. O livro propõe uma situação de fim do mundo a partir de uma histeria coletiva, e a gente está vivendo uma histeria coletiva. A gente tem uma pandemia acontecendo, e em vez de as pessoas aceitarem que é uma pandemia, ficarem em casa, respeitarem e esperarem passar, não: elas fazem disso um circo. E o livro é exatamente assim. Tem as coisas mais loucas acontecendo no universo, e as pessoas sabem que são impotentes em frente a elas, então elas criam todo um circo pra tentar combater. E é um circo totalmente errado. Elas acabam se ferrando, vão caindo mais na hipocrisia, no pecado – e a partir daí não dá para contar mais senão é spoiler.
PARA LER O RESTANTE DA ENTREVISTA, CLIQUE AQUI.
Promoções
Hoje todos os meus quatro livros estão em promoção na loja online da Saraiva. Sente só:
Colega de Quarto por 19,90: clique aqui.
O Casamento por 24,90: clique aqui.
Quando Ela Desaparecer por 21,90: clique aqui.
Vozes do Joelma por 24,90: clique aqui.
Na Amazon, também tem Colega de Quarto por 19,90 (aqui) e na Americanas tem Quando Ela Desaparecer por 21,90 (aqui).

Tortura Branca
Antes de mais nada, obrigado a todos que estão seguindo essa história comigo. Aos que estão chegando agora, Tortura Branca é o meu novo livro (o quarto com o detetive Conrado Bardelli, mas pode ler sem ter lido os outros, não é uma sequência). Estou lançando Tortura Branca inteira e exclusivamente pela internet. Recebi muitas perguntas sobre quando este livro sairá em formato físico. A resposta é: não sei nem se isso vai acontecer. A ideia era (e continua sendo) lançar uma história gratuita para que qualquer pessoa possa ler durante este momento difícil da pandemia. E o que seria mais atual do que um assassinato durante a pandemia que ocorre no meio de uma chamada de vídeo no Zoom?
Pois foi isso que o detetive Conrado Bardelli descobriu no capítulo anterior. Agora, ele quer saber o que rolou nessa chamada e quem eram os participantes delas. Mas quanto mais ele cava, mais as evidências apontam para a namorada do morto. Leia o capítulo 4 de Tortura Branca clicando aqui.
Você pode também reler o capítulo 1, o capítulo 2 e o capítulo 3.
Obrigado e até a semana que vem (se é que ela vai chegar)!
